sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A Casa dos Meus Sonhos

Ontem o Pedro teve de ir dar assistência a um cliente: O Banco Sol ia abrir a nova dependência hoje, de modo que todos os problemas de segurança electrónica tinham de ficar resolvidos.

Lá andou ele toda a tarde e bem tarde de volta do Banco.

As dependências dos bancos por cá são pequenas casitas de betão, com grandes janelas e portas de vidro. Lá dentro é tudo muito amplo, com luz clara, e muito limpo.
Banco Sol tem um néon amarelo claro que contorna a dependência por fora. Fica lindo. Mas fica mais lindo quando a luz acende, a partir das 17 horas, porque escurece muito cedo.
 
“Mas que coisa tão bonita!” foi a exclamação de um petiz de 8 ou 9 anos que a irmã mais velha passeava pela mão, e que parados ficaram a contemplar a dependência do Banco. Ambos parados em frente ao Banco, de mãos dadas, observavam como quem aprecia uma paisagem magnífica. Eles estavam maravilhados, aprazidos, de verem uma casa tão bonita.

No meio dos musseques surgem casas bonitas assim, sempre de comércio, que são o melhor exemplo que se tem de uma habitação condigna. Fora isso, vêem-se os muros de condomínios privados, que escondem casas luxuosas, em alguns Bairros.

Não sei se sorria se chore.

Baixo os braços. Sou incapaz de resolver isto! Dentro de mim surge a questão ‘porquê?’ e encolho os ombros sem respostas.

Apesar dos cartazes espalhados por toda a Luanda ‘mais habitação, por um futuro mais e melhor’, o meu coração não sossega, tal é a pressa de ver isto resolvido.

Carita doce. Voz singela. Hoje deve ter feito na Escola uma daquelas composições onde descreve a casa dos seus sonhos… ‘Quando eu for grande vou fazer uma casa enorme, com janelas de vidro e um telhado com telhas de verdade e vou alojar todos os meninos do meu bairro!’

Ah! Como eu gostava de realizar todos os meus sonhos!

1 comentário:

  1. Recordações da Casa Amarela
    O sorriso daquele miúdo é até agora a melhor recordação que levo de Angola.
    Fez-me sentir orgulhoso da minha pequena contribuição para aquele maravilhoso cenário, uma agência bancária.
    Uma lição há muito aprendida, o sorriso de uma criança não depende da playstation mas da capacidade que lhe damos de sonhar.

    ResponderEliminar

Obrigada por não ter vergonha em se despir publicamente!