Ontem o Pedro teve de ir dar assistência a um
cliente: O Banco Sol ia abrir a nova dependência hoje, de modo que todos os
problemas de segurança electrónica tinham de ficar resolvidos.
Lá andou ele toda a tarde e bem tarde de volta do Banco.
Lá andou ele toda a tarde e bem tarde de volta do Banco.
As dependências dos bancos por cá são pequenas casitas de betão, com grandes janelas e portas de vidro. Lá dentro é tudo muito amplo, com luz clara, e muito limpo.
Banco Sol tem um néon amarelo claro que contorna a dependência por
fora. Fica lindo. Mas fica mais lindo quando a luz acende, a partir das 17 horas,
porque escurece muito cedo.
“Mas que coisa tão bonita!” foi a exclamação
de um petiz de 8 ou 9 anos que a irmã mais velha passeava pela mão, e que
parados ficaram a contemplar a dependência do Banco. Ambos parados em frente ao
Banco, de mãos dadas, observavam como quem aprecia uma paisagem magnífica. Eles
estavam maravilhados, aprazidos, de verem uma casa tão bonita.
No meio dos musseques surgem casas bonitas
assim, sempre de comércio, que são o melhor exemplo que se tem de uma habitação
condigna. Fora isso, vêem-se os muros de condomínios privados, que escondem casas luxuosas, em alguns Bairros.
Não sei se sorria se chore.
Baixo os braços. Sou incapaz de resolver isto! Dentro de mim surge a questão ‘porquê?’ e encolho os ombros sem respostas.
Apesar dos cartazes espalhados por toda a Luanda ‘mais habitação, por um futuro mais e melhor’, o meu coração não sossega, tal é a pressa de ver isto resolvido.
Carita doce. Voz singela. Hoje deve ter feito na Escola uma daquelas composições onde descreve a casa dos seus sonhos… ‘Quando eu for grande vou fazer uma casa enorme, com janelas de vidro e um telhado com telhas de verdade e vou alojar todos os meninos do meu bairro!’
Ah! Como eu gostava de realizar todos os meus sonhos!
Recordações da Casa Amarela
ResponderEliminarO sorriso daquele miúdo é até agora a melhor recordação que levo de Angola.
Fez-me sentir orgulhoso da minha pequena contribuição para aquele maravilhoso cenário, uma agência bancária.
Uma lição há muito aprendida, o sorriso de uma criança não depende da playstation mas da capacidade que lhe damos de sonhar.